O prefeito não cumpre decisão judicial e o prédio da antiga Cadeia sofre queda em parede lateral
Quando não se tem conhecimento de causa ou não se conhece o significado da cultura não se deveria falar sobre irresponsabilidade, pois se está havendo irresponsabilidade com o prédio da Cadeia Pública de Valença, não é dos ativistas culturais, é do prefeito e de seus secretários gananciosos que lutaram para vender o prédio da Cadeia como se fossem receber uma boa comissão. Para esse tipo de gente a história e a cultura é o que menos importa, a dilapidação do patrimônio é apenas um meio de alcançar suas metas e seguirem fazendo o que sempre fizeram, usufruindo do bem público e pouco se lixando para a cidade e o povo que elegeu o prefeito que os escolheu para lhe assessorar.
A parede lateral da Cadeia Antiga caiu!? Alguém assistiu à queda, algum vizinho testemunhou? Pensamos que não! Ao que se relata, a parede caiu à noite quando todos dormiam e as ruas estavam desertas. A Cadeia foi vilipendiada pelo governo do município de propósito para desabar, e os ativistas culturais dos quais fazemos parte juntamente com Zé da Hora, so fizeram proteger o patrimônio histórico que foi até “destombado” pela Câmara que aí se encontra para ser vendido pela gestão com finalidade de virar quem sabe, um estacionamento.
Os “ativistas irresponsáveis” ganharam a ação de preservação na justiça para garantir o re-tombamento do prédio e ao prefeitoa justiça determinou tomar os cuidados para proteger o patrimônio e as pessoas no final de 2023, mas o prefeito cumpriu? O secretário responsável entrou com apelação com a finalidade de conseguir derrubar o prédio, e até zombou da nossa cara dentro da prefeitura, dizendo ao prefeito na nossa presença “ganhamos a causa da Cadeia”. Só que o município não ganhou nada. O segundo julgamento apenas devolveu o processo para Valença para que o magistrado proceda com pedido feito pelo representante do prefeito por questão de praxe, isso significa que o juiz poderá manter a decisão depois de cumprir a praxe pedida pela prefeitura, o que pode inclusive, garantir a confirmação da sentença com um embasamento mais firme no segundo grau.
O desprezo do prefeito e seus secretários com a Cadeia funciona como uma reza para que o prédio caia e o povo da cultura seja vencido pelo poder público e passem a pensar que não podem conseguir nada diante das pessoas de cargos políticos. A coisa funciona como um desafio onde “quem pode mais chora menos” e para eles o povo da cultura é que tem que chorar, o município é que tem que perder.
O prédio da cadeia é propriedade do município, portanto, quem responde por ele é o prefeito que estiver sentado na cadeira, procurar denunciação de lide para atrapalhar a decisão judicial e tentar derrubar o prédio naturalmente não é trabalho de gente séria que se preocupa com o povo de um lugar, e quem chama as pessoas da cultura da irresponsáveis por proteger o patrimônio só comprova ignorância, e a gente perdoa os ignorantes, eles não têm culpa de não ter adquirido conhecimento e não saber valorizar a história de um lugar.
Derrubar patrimônio é solução pra quê? Para destruir a história e a memória de um lugar. Prefeito eleito pelo povo que tenta destruir um patrimônio fica gravado na história pela destruição que causou, pelo mal que fez ao povo que o elegeu. Tudo que acontecer com o prédio da Cadeia Antiga só tem um (ir)responsável, o prefeito.
Por Irene Dóres
- Vice-presidente do Conselho de Cultura, ativista cultural e jornalista, DRT 5944/Ba.