Maia e Alcolumbre dizem que lamentam ofensa de Bolsonaro contra jornalista da ‘Folha’

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (esq.), e do Senado, Davi Alcolumbre (dir.), durante a sessão do Congresso na quarta (12) — Foto: Beto Barata/Agência Senado

Presidente da República afirmou nesta
terça que ‘ela queria dar um furo a qualquer preço’. Para Maia, declarações
assim geram perplexidade e insegurança na sociedade.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-AP), e do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), afirmaram nesta quarta-feira (19) que lamentam as ofensas do
presidente Jair Bolsonaro contra a jornalista da “Folha de S.Paulo” Patrícia
Campos Mello.
Na
manhã de terça-feira (18), em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente
questionou, com insinuação de caráter sexual, a atuação de Patrícia Campos
Mello em reportagens sobre o disparo massivo de mensagens durante a campanha
eleitoral.
“Ela
queria um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço
contra mim”, disse Bolsonaro.

Para
Maia, esse tipo de declaração “vai gerando perplexidade e insegurança na
sociedade na brasileira”.
“Todos
sabem a minha posição. Não preciso ficar narrando cada vez que um episódio
triste e lamentável como esse acontece. Todos sabem a minha posição. Sabem a
importância que tem para a democracia a liberdade de imprensa. Todos sabem o respeito
às mulheres, aos jornalistas”, afirmou Maia, ao chegar à Câmara.
“Tudo
que acontece que vai na linha contrária vai sinalizando de forma negativa para
a sociedade e aí para os investidores no Brasil. Então todos vão olhando com
dificuldade. Então, quando começa o ano, a economia está crescendo em um
patamar mais alto e chega no final do ano a economia caminha para outro
patamar, porque esse tipo de declaração vai gerando perplexidade e insegurança
na sociedade na brasileira”, completou o presidente da Câmara.

Alcolumbre
também destacou o papel da imprensa no fortalecimento das instituições.
“Primeiro
com relação às declarações do presidente nesse episódio com a jornalista, a
gente lamenta, porque a gente sabe o papel fundamental da imprensa brasileira”,
afirmou após reunião no Congresso com o governador de São Paulo, João Dória,
para discutir a reforma tributária.
Alcolumbre
disse ainda que espera que daqui para frente as relações entre poder público e
imprensa sejam levadas com mais respeito. “Que a gente possa daqui para frente
conduzir com mais respeito, mais atenção, que vocês são atores importantes no
fortalecimento das instituições”, disse.
Reações
à fala de Bolsonaro
Nesta
terça, várias entidades já haviam se manifestado contra a ofensa de Bolsonaro à
jornalista. A fala foi criticada também por deputados e senadores.
A
Associação Brasileira de Imprensa disse em nota que o presidente adota um
“comportamento misógino” e afirmou que ele necessita de
“tratamento terapêutico”.
“Este
comportamento misógino desmerece o cargo de Presidente da República e afronta a
Constituição Federal. O que temos visto e ouvido, quase cotidianamente, não se
trata de uma questão política ou ideológica. Cada dia mais, fica patente que o
presidente precisa, urgentemente, de buscar um tratamento terapêutico.”
A Associação
Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER)
divulgaram nota conjunta em repúdio aos ataques:
“A
Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de
Jornais (ANJ) protestam contra as lamentáveis declarações do presidente Jair
Bolsonaro ao ecoar ofensas contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal
Folha de S.Paulo. As insinuações do presidente buscam desqualificar o livre
exercício do jornalismo e confundir a opinião pública. Como infelizmente tem
acontecido reiteradas vezes, o presidente se aproveita da presença de uma
claque para atacar jornalistas, cujo trabalho é essencial para a sociedade e a
preservação da democracia.”
A
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Observatório a
Liberdade de Imprensa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) repudiaram os
ataques e prestaram solidariedade à jornalista Patricia Campos Mello.
“Os
ataques aos jornalistas empreendidos pelo presidente são incompatíveis com os
princípios da democracia, cuja saúde depende da livre circulação de informações
e da fiscalização das autoridades pelos cidadãos. As agressões cotidianas aos
repórteres que buscam esclarecer os fatos em nome da sociedade são
incompatíveis com o equilíbrio esperado de um presidente”, diz trecho da
nota.

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