Bolsonaro ameaça quem defende Amazônia e diz que gostaria de “matar esse câncer chamado ONG”

 Jair Bolsonaro e queimadas na Amazônia

 Jair
Bolsonaro ameaçou as pessoas e organizações que defendem a Amazônia, com
ataques diversos em sua live semanal na noite desta quinta-feira (3). Lamentou
não conseguir “matar esse câncer chamado ONG” e foi adiante:
  “Vocês sabem que ONG não tem vez comigo,
não é? Boto pra quebrar com esse pessoal”.

 O mês
de agosto registrou o maior número de focos de incêndio no país em 2020, de
acordo com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) e foram
divulgados pelo WWF-Brasil. Na Amazônia, o total de focos de janeiro até agosto
é 39% maior que a média dos últimos dez anos.

 Segundo
Bolsonaro, existiria uma campanha orquestrada por “canalhas” que o
acusam de estar incendiando a Amazônia. Ele defende a abertura da Amazônia à
exploração de minérios, energética e agropecuária.

 Na
transmissão, ele disse que sofreu pressão durante a Assembleia Geral das Nações
Unidas, em setembro do ano passado, para aumentar as áreas de reservas
ambientais e atacou indígenas e quilombolas.

 “Na
ONU queriam que os territórios indígenas passassem de 14% para 20%. Já
imaginou? Mais reservas? Mais quilombolas? Mais APAs? Aumentando os parques
nacionais? O Brasil não aguenta, acaba com o agronegócio. Somos o país que mais
preserva o meio ambiente”, afirmou.

 Ele
ainda minimizou as queimadas, com uma comparação ofensiva à floresta e aos
povos que lá vivem: “Muitas vezes o proprietário está fazendo uma fogueira
de São João e vai para o satélite como foco de incêndio”.

O
Ministério do Meio Ambiente é comandado por Ricardo Salles. As críticas à
gestão dele na pasta aumentaram a partir do segundo trimestre deste ano, após a
divulgação de conteúdo de um vídeo da reunião ministerial que aconteceu no dia
22 de abril, quando ele sugeriu que o governo deveria aproveitar a atenção da
imprensa voltada à pandemia de Covid-19 para aprovar “reformas infralegais
de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir
passando a boiada”.

 Um
levantamento publicado na semana passada pelo jornal Folha de S.Paulo
  em parceria com o Instituto Talanoa mostrou
que, entre março e maio deste ano, o governo publicou 195 atos no Diário sobre
o meio ambiente. Nos mesmos meses de 2019, foram apenas 16 atos publicados
relacionados ao tema, um aumento de 12 vezes.

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