Ossada de sindicalista morto pela ditadura é identificada após 47 anos

Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo
 Restos
mortais de Aluizio Palhano estavam em vala descoberta em 1990. O sindicalista foi morto sob o comando do coronel Carlos Alberto brilhante Ustra
  
A Comissão
Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), do Ministério dos
Direitos Humanos (MDH), anunciou hoje (3) que identificou os restos mortais do
bancário e sindicalista Aluizio Palhano Pedreira Ferreira, dado como
desaparecido político desde 1971, quando tinha 49 anos. O anúncio foi feito
durante o 1º Encontro Nacional de Familiares de Pessoas Mortas e Desaparecidas
Políticas, em Brasília.

De acordo com a
CEMDP, Aluizio Ferreira era um militante do grupo armado Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), que teve o capitão Carlos Lamarca como uma das principais
lideranças. Ferreira já havia sido incluído, em 2014, na lista dos mais de 400
desaparecidos políticos do regime militar feita pela Comissão Nacional da
Verdade (CNV), após investigações, quando foi considerado morto e desaparecido
em decorrência de ações praticadas por agentes do Estado brasileiro.
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Por meio da
assessoria, a coordenadora-geral de Direito à Memória e à Verdade do MDH,
Amarilis Tavares, disse que a possibilidade de identificação de Ferreira era
considerada “muito remota”, mas tornou-se possível após a inclusão da
investigação sobre Ferreira no processo de identificação das ossadas
remanescentes de uma vala clandestina no cemitério clandestino Dom Bosco, em
Perus, na zona norte de São Paulo, para onde foram levadas vítimas da ditadura
militar, de acordo com a Comissão da Verdade. A vala foi descoberta em 1990.
O dossiê da
CEMDP com as conclusões sobre a identificação foi apresentado pela comissão à
família do sindicalista. A irmã de Ferreira, Márcia Ferreira Guimaraes, disse
que a identificação do irmão vai permitir que a família agora tenha direito ao
luto, 47 anos após o desaparecimento.
Entenda o caso –
Após investigação, a Comissão Nacional da Verdade concluiu que Aluízio Ferreira
foi sequestrado por agentes da repressão no dia 9 de maio de 1971, em São
Paulo. Indícios apontam que Ferreira teria sido entregue às forças de segurança
pelo agente infiltrado José Anselmo dos Santos, conhecido como cabo Anselmo.
Testemunhas
informaram à CNV que o sindicalista foi levado à sede do Destacamento de
Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi),
em São Paulo, à época comandado pelo então major Carlos Alberto Brilhante
Ustra, onde teria passado por sessões de tortura. De lá, Ferreira teria sido
levado à sede do Centro de Informações da Marinha, no Rio, e ao centro clandestino
conhecido como “Casa da Morte de Petrópolis”, antes de ser levado de volta à
capital paulista, onde foi novamente torturado e, finalmente, assassinado.

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