João de Deus é indiciado por violação sexual mediante fraude

Mulher de 39
anos diz que abuso aconteceu durante atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola,
em Abadiânia, em outubro deste ano. A defesa do médium, que nega o crime,
entrou com pedido de liberdade no STF.
João de Deus está preso e diz ser inocente — Foto: Reuters


A Polícia Civil
indiciou, nesta quinta-feira (20), o médium João de Deus pelo crime de violação
sexual mediante fraude cometida contra uma mulher que buscou atendimento
espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, cidade goiana do Entorno
do Distrito Federal. Ele nega os crimes.
Também nesta
tarde, a defesa do médium entrou com pedido de liberdade no Supremo Tribunal
Federal (STF). O G1 tentou contato com o advogado Alberto Toron para que se
posicione sobre o indiciamento, mas as ligações não foram atendidas até a
última atualização desta reportagem.
O inquérito
concluído se trata, até esta tarde, do relato mais recente de abuso sexual
contra o médium. Conforme a vítima, de 39 anos, o crime aconteceu em 24 de
outubro deste ano.

Na denúncia, a
mulher afirma que, quando notou o pênis de João de Deus para fora da calça,
disse ao médium que tinha reparado o membro exposto. Em seguida, ele
interrompeu a sessão. Ainda conforme a vítima, o médium pediu a ela que não
contasse sobre o atendimento.
Caso seja
condenado, João de Deus pode pegar de 2 a 6 anos de prisão.
Primeiro
inquérito
Esse é o
primeiro inquérito da Polícia Civil de Goiás contra João de Deus e pode ser o
único. De acordo com a corporação, os demais casos registrados são antigos e podem
ter prescrito.
O médium teve a
prisão decretada na sexta-feira (14) a pedido da Polícia Civil e do Ministério
Público Estadual de Goiás (MP-GO). Dois dias depois, ele se entregou aos
policiais em uma estrada de terra em Abadiânia, cidade goiana do Entorno do
Distrito Federal onde ele atendia.
O jornal “O
Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de
dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Os casos
vieram à tona no programa Conversa com Bial de 7 de dezembro. Não se trata de
questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas
que o procuram.
Situação atual

Médium é
investigado por estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante
fraude;
Ministério
Público recebeu 506 relatos de abusos sexuais;
Polícia Civil
colheu depoimentos de outras 15 mulheres e aguarda ouvir mais uma. Um dos casos
já resultou em inquérito;
Há relatos de
supostas vítimas de seis países e vários estados brasileiros;
MP e polícia
também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro;
Não há pedido
para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola.

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