Após derrota do voto impresso, Bolsonaro volta a criticar TSE e diz, sem prova, que eleição de 2022 não será confiável
Bolsonaro quebrou compromisso
feito ao presidente da Câmara de que iria aceitar o resultado caso a proposta
fosse derrubada. Ele ainda mentiu ao dizer que metade dos deputados é a favor
do voto impresso. informações do G1
PEC do voto impresso: PSD,
DEM, MDB e PSDB foram os partidos com mais traições
Os 4
partidos orientaram voto NÃO, mas seus filiados deram mais votos SIM à
proposta. No total, 113 dos 448 deputados que votaram não obedeceram à
orientação partidária (25%).
Os
deputados federais decidiram na noite da terça-feira (10) rejeitar e arquivar a
proposta de emenda à Constituição (PEC) que propunha o voto impresso em
eleições, plebiscitos e referendos, em uma derrota para o presidente Bolsonaro
(veja mais abaixo).
A
votação na Câmara ficou marcada por uma grande quantidade de deputados que não
obedeceram a orientação dos seus partidos: 113 dos 448 parlamentares que
votaram (25% do total).
As
siglas com os maiores percentuais de votos contrários à orientação foram PSD
(57%), PV (50%), DEM (46%), MDB (45%) e PSDB (44%).
PSD: o
partido orientou voto NÃO, mas teve 20 votos SIM e 11 NÃO; 4 se ausentaram e
não votaram
DEM: o
partido orientou voto NÃO, mas teve 13 votos SIM e 8 NÃO; 6 se ausentaram
MDB: o
partido orientou voto NÃO, mas teve 15 votos SIM e 10 NÃO; 8 se ausentaram
PSDB:
o partido orientou voto NÃO, mas teve 14 votos SIM e 12 NÃO; 5 não votaram e 1
se absteve (Aécio Neves)
Outas
nove siglas tiveram votos contrários à orientação: Cidadania (38% dos
filiados), Solidariedade (36%), PSB (35%), PL (27%), Avante (25%), PDT (20%),
Podemos (20%), PSL (11%) e Republicanos (9%).
Podemos,
PSL e Republicanos foram os únicos partidos que orientaram seus deputados a
votarem a favor da PEC do voto impresso.
PT,
PSOL, PCdoB e Rede não tiveram nenhum voto contrário ao determinado pelo
partido.
Outros
seis siglas liberaram seus filiados para votar como quisessem: PP, PROS, PSC,
PTB, Novo e Patriota. Único deputado sem partido, Rodrigo Maia votou contra a
PEC.
Durante
a votação, alguns deputados que participavam remotamente da sessão reclamaram
ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que não estavam conseguindo registrar o
voto pelo celular.
Foram
os casos de Alexandre Padilha (PT-SP) e Gonzaga Patriota (PSB-PE), por exemplo.
Ambos se posicionam contra o voto impresso, mas aparecem no registro da Câmara
como “ausente”.
Derrota
para Bolsonaro
A
rejeição da PEC do voto impresso representa uma derrota para o presidente Jair
Bolsonaro, que sem apresentar provas vem falando em fraude no sistema de
votação por meio da urna eletrônica.
O
presidente da República também tem feito acusações sem fundamento a ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A PEC
precisava de no mínimo 308 votos para ser aprovada na Câmara dos Deputados, mas
teve o apoio de apenas 229 deputados. Outros 218 votaram contra a PEC, 64 não
votaram e um se absteve.
Os 64
deputados ausentes — entre eles vários parlamentares de legendas governistas —
contribuíram para a derrota de Bolsonaro. Por ser presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL) é o único que não vota.
Novo
ataque do presidente
Na
terça-feira (10), o presidente da Câmara repetiu o que tinha dito na
sexta-feira (7), de que Bolsonaro respeitaria a decisão da Câmara e encerraria o
assunto. “Ele me garantiu que respeitaria o resultado do plenário. Eu
confio na palavra do presidente da República ao presidente da Câmara”,
afirmou Lira.
Mas o
presidente da República voltou a criticar o TSE nesta quarta (11) e sem provas
disse que as eleições de 2022 não serão confiáveis.
Bolsonaro
mentiu ao dizer que metade do Parlamento votou a favor do voto impresso e que
os 218 que votaram contra a PEC e os 66 que se abstiveram ou se ausentaram
foram chantageados.
“Quero
agradecer à metade do Parlamento que votou favorável ao voto impresso. Parte da
outra metade, que votou contra, entendo que votou chantageada. Uma outra parte
que se absteve, dessa parte, não são todos, mas alguns ali também não votaram
com medo de retaliação”, disse.
44%
dos votos a favor da PEC
Os 229
deputados que votaram a favor da PEC do voto impresso representam 44% dos 513
congressistas — menos da metade da Câmara, ao contrário do que diz Bolsonaro.
Além
disso, na prática, quem não vota contribui para derrubar da proposta, já que
dificultam a chegada na marca dos 308 votos necessários para aprovar uma PEC
(60% da Casa).
Se
somados os 218 deputados que se posicionaram contra a proposta, a abstenção e
as 65 ausências, 284 dos 513 congressistas não apoiaram o voto impresso — 55%
do total.