Vítima de João de Deus se suicidou após médium voltar a trabalhar, diz jornal

Caso aconteceu
nesta quarta-feira (12), após primeira aparição pública do líder espiritual.
Uma das mulheres
que acusam o médium João de Deus de abuso sexual cometeu suicídio nesta
quarta-feira (12). A informação foi publicada pela jornalista Mônica Bergamo,
na Folha de S. Paulo.

 João de Deus na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, em foto de 2015 — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera
“Ela se
desesperou quando viu que ele foi trabalhar hoje de manhã. A família da vítima
nunca acreditou nos relatos de abuso. São todos seguidores do médium”,
informou a ativista social Sabrina Bittencourt.


O advogado de
Sabrina a orientou a não divulgar nenhum detalhe sobre a morte da vítima.
O Ministério
Público de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium nesta quarta. A medida
foi tomada cinco dias depois da divulgação dos primeiros relatos de mulheres
que dizem ter sido agredidas pelo médium, que atrai mensalmente cerca de 10 mil
fiéis – 40% estrangeiros – para Abadiânia (GO).

Até ontem, 258
mulheres em todo o país procuraram o Ministério Público para denunciar abusos.
O aparecimento de casos ganhou força depois da divulgação pela TV Globo de
depoimentos a respeito, no programa Conversa com Bial.
Choro, angústia e calma

O gerenciador de
crise Mário Rosa foi chamado para auxiliar João de Deus. Horas antes de se tornar
público o pedido de prisão, Rosa ponderava que todo o processo deveria
respeitar um “marco de objetividade”, com condução cautelosa para se evitar
julgamento apressado. Pela descrição de Rosa, desde que os depoimentos das
mulheres se tornaram públicos, o líder espiritual alterna momentos de choro e
angústia com calma.
Ao voltar a
Abadiânia, João de Deus estava visivelmente abatido. Trajando uma camiseta
branca e calça jeans, ficou menos de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola,
onde atende os fiéis.
Cercado por
funcionários da casa e voluntários, ele não falou com a imprensa. Fez um
pronunciamento rápido para poucos fiéis, disse ser inocente e estar à
disposição da Justiça. “João de Deus está vivo”, afirmou. A rápida visita foi
marcada por tumulto, gritaria e aplausos. Fiéis, ao ver o líder espiritual
reaparecendo na Casa, aplaudiram. Funcionários, por sua vez, tentavam impedir
que João de Deus parasse para conversar com jornalistas. Houve empurra-empurra.

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