Randolfe Rodrigues: toda cadeia de comando do Ministério da Saúde teve contato com a fraude
inclusive ter sido encaminhado um processo de aquisição por um golpe paralelo,
uma ação de golpe paralela à que estava ocorrendo”, disse o
vice-presidente da CPI sobre a ONG presidida pelo reverendo Amilton Gomes, que
utilizou o Instituto Força Brasil como “intermediário” para chegar ao alto escalão
do Ministério da Saúde
O
vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), alertou para uma rede
paralela de comércio de vacinas no Ministério da Saúde, com após
questionamentos ao vendedor Cristiano Carvalho, representante da empresa Davati
no Brasil.
Em
depoimento à CPI, Cristiano Carvalho disse que a Secretaria Nacional de
Assuntos Humanitários (Senah), ONG presidida pelo reverendo Amilton Gomes,
utilizou o Instituto Força Brasil como “intermediário” para chegar ao alto
escalão do Ministério da Saúde. “O Instituto Força Brasil foi o braço que
a Senah utilizou para chegar frente a frente com Élcio Franco”, afirmou
Cristiano.
“O
que o senhor Cristiano traz aqui é gravíssimo. Toda cadeia de comando do
Ministério da Saúde teve contato com esta fraude. Pode inclusive ter sido
encaminhado um processo de aquisição por um golpe paralelo, uma ação de golpe
paralela à que estava ocorrendo. Mais do que isso, as duas intermediadoras,
Semar e Instituto Força Brasil tiveram contato direto com a base de apoio do
governo Bolsonaro”, afirmou Randolfe Rodrigues. Segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o
Instituto Força Brasil patrocina redes que divulgam fake news sobre o
enfrentamento à pandemia.
Cristiano
Carvalho relatou também à CPI que, no dia 12 de março, quando esteve no
Ministério da Saúde, comunicou ao então secretário-executivo Elcio Franco que
já vinha negociando as vacinas com o
então diretor do Departamento de Logística, Roberto Dias. Entretanto,
Franco, que era a maior autoridade da pasta depois do ministro Eduardo
Pazuello, desconhecia tal fato, disse Carvalho.
Após
questionamentos de Humberto Costa (PT-PE), Cristiano Carvalho informou que
outra oferta de compra de vacinas por meio da Davati foi registrada em 9 de
março diretamente ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Segundo o
vendedor, o processo foi registrado no ministério por um representante chamado
Júlio Adriano Caron, coincidindo com o mesmo período em que Cristiano e
Dominguetti tentavam vender 400 milhões de doses da AstraZeneca à pasta.
Cristiano
Carvalho apontou o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de
Logística do Ministério da Saúde, como elo importante entre a Davati e a pasta.
Ele disse que Blanco teria continuado a exercer influência sobre o diretor de
Logística, Roberto Dias, mesmo depois de deixar o cargo, como um “assessor
oficioso”. Segundo Carvalho, Blanco chegou a ele no dia 1º de março e se
apresentou como um funcionário “recentemente exonerado” da Saúde que
teria passado a trabalhar como representante de vendas de insumos hospitalares,
com negócios no Ministério.
Carvalho
disse que não chegou a acertar com Blanco nenhum valor de comissionamento pela
venda de vacinas à Saúde, mas informou ao tenente-coronel que a empresa ficaria
com 20 centavos de dólar por dose de vacina. Munido dessa informação, Blanco
teria respondido que levaria o assunto a Roberto Dias.