Maia diz que ataques nas redes contra o Congresso são obra de assessores de Bolsonaro que se comportam como ‘marginais’

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a criticar a atuação do governo federal Foto: Divulgação / Câmara dos Deputados


Presidente
da Câmara afirma que governo prefere criar conflitos a salvar vidas na crise do
coronavírus
BRASÍLIA
– O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que os
ataques nas redes sociais contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF)
são comandados por assessores do presidente Jair Bolsonaro que se comportam
como “marginais”. Em entrevista ao programa “Canal Livre”, da Band, veiculada na
madrugada de segunda-feira, Maia acrescentou que o governo deveria agir para
“salvar vidas e empregos” em vez de “criar conflitos e insegurança”.


Essas brigas paralelas comandadas por um gabinete do ódio, comandadas por
assessores do presidente que são mais marginais do que assessores do
presidente, não vão de forma nenhuma mudar atitudes do Parlamento brasileiro.
Continuamos votando. Nós que aumentamos o valor da renda mínima – disse o
presidente da Câmara, em referência ao repasse de R$ 600 para os trabalhadores
informais.
Na
avaliação de Maia, o governo é lento para reagir à crise provocada pela
pandemia do novo coronavírus. Ele afirmou que as medidas na área da Saúde estão
“caminhando” – o ministro Luiz Henrique Mandetta é seu aliado –, mas criticou o
ritmo de ação da área econômica.
– Em
vez de ficar fugindo da sua responsabilidade, em vez de ficar criando conflitos
e insegurança com a sociedade, o Palácio do Planalto poderia estar atuando e
atuando para salvar vidas, empregos, salvar a renda dos mais vulneráveis. Mas,
infelizmente, alguns no Palácio preferem, junto com o presidente, esse gabinete
do ódio, continuar conflitando com Parlamento e Supremo do que dar soluções.
Talvez porque não saibam onde encontrá-las – ironizou Maia.
O
presidente da Câmara disse ainda que os ataques são financiados por empresários
e orientados pelo escritor Olavo de Carvalho – ele ressaltou que Mandetta virou
alvo depois que se tornaram evidentes as diferenças entre as orientações do
ministro e de Bolsonaro. Maia acrescentou que, na prática, as medidas
apresentadas pelo governo seguem a linha do que é defendido pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), mas que o posicionamento de Bolsonaro, favorável a uma
retomada imediata das atividades econômicas, atrapalha o país.
– Ele
(Bolsonaro) acaba, sem dúvida nenhuma, atrapalhando. Claro que ele não escreve
(o que defende), porque a assessoria dele não deixa, porque uma decisão de
assinar um documento desses… Se o Brasil tiver problemas parecidos, e parece
que teremos, com o de outros países, se ele (presidente) assinar alguma
orientação formal que vá contra a orientação de seu próprio ministro e da OMS,
certamente ele responderá pessoalmente a essa decisão de liberar o isolamento
sem ter um embasamento legal para isso – afirmou Maia.
Bolsonaro
já sugeriu que poderia assinar um decreto ou Medida Provisória ampliando a
lista de atividades essenciais em meio ao estado de calamidade pública, o que
permitiria a reabertura de estabelecimentos comerciais no país. A medida, no
entanto, não foi implementada.
Em
relação ao processo eleitoral, Maia afirmou que não é contra o adiamento da
eleição, marcada para outubro, caso a crise do coronavírus não esteja sob
controle até lá. O presidente da Câmara ponderou, no entanto, que o pleito
precisa ocorrer até o fim do ano, para que não haja prorrogação de mandatos.

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