Líderes mundiais celebram em Paris os 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial

Celebrações são
realizadas no Arco do Triunfo com a presença de Angela Merkel, Donald Trump e
Vladimir Putin. Armistício foi assinado em trem na cidade de Compiègne.

 Presidente francês Emmanuel Macron e líderes mundiais convidados chegam para as celebrações dos 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial neste domingo (11) em Paris — Foto: Yves Herman/Reuters

Mais de 70 líderes
mundiais celebraram neste domingo (11) em Paris o centenário do armistício que
selou o fim dos combates entre potências ocidentais e o Império Alemão na
Primeira Guerra Mundial.
As celebrações
foram realizadas no Arco do Triunfo. Entre os presentes estavam o americano
Donald Trump, a alemã Angela Merkel, o russo Vladimir Putin, o turco Recep
Tayyip Erdogan, além do francês Emmanuel Macron.
Em seu discurso
como mestre de cerimônias, Macron falou que a visão da França como nação
generosa e “portadora de valores universais” é o “oposto do
nacionalismo”, que só cuida de si mesmo. “O nacionalismo é uma
traição ao patriotismo”, disse Macron.
O presidente francês pediu a seus colegas
que rejeitem “o fascínio pela retirada, pela violência e pela
dominação”.
Somemos nossas
esperanças em lugar de opormos nossos medos

— Emmanuel Macron, presidente francês

Líderes mundiais se reúnem neste domingo (11) sob o Arco do Triunfo, em Paris, para celebrar os 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial — Foto: Thomas Samson/ AFP
Líderes mundiais se reúnem neste domingo (11) sob o Arco do Triunfo, em Paris, para celebrar os 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial — Foto: Thomas Samson/ AFP
“Juntos,
podemos evitar as ameaças do aquecimento global e a destruição do meio
ambiente, a pobreza, a fome, as doenças, as desigualdades, a ignorância”,
reforçou.
A cerimônia
homenageou os soldados que lutaram nos combates e lembrou os mortos na Grande
Guerra, entre 1914 e 1918. Estima-se que o conflito deixou 10 milhões de
mortos, incluindo soldados e civis.
O presidente russo Vladimir Putin (de costas) chega para as comemorações do final da Primeira Guerra Mundial, há 100 anos, ao lado de Donald e Melania Trump, Angela Merkel e Emmanuel e Brigitte Macron — Foto: Benoit Tessier/Pool/Reuters

Estudantes leram
depoimentos de soldados que participaram dos combates e o presidente francês
reacendeu simbolicamente a chama do monumento que lembra os soldados
desconhecidos mortos no conflito.




A maioria dos
líderes percorreu a pé, debaixo de chuva, alguns metros na avenida Champs
Élysées para chegar ao Arco do Triunfo. Chegaram separadamente, e um pouco mais
tarde, Trump e Putin.
Presidente francês Emmanuel Macron acende chama ao lado de estudantes perto de monumento que lembra soldados desconhecidos mortos na Primeira Guerra neste domingo (11) no Arco do Triunfo, em Paris — Foto:  Francois Mori/Pool via Reuters



Também estão
previstos um almoço no Palácio de Versalhes e a abertura do Fórum da Paz, um
evento que vai durar três dias e que será simbolicamente aberto pela chanceler
alemã, Angela Merkel.





No encontro,
líderes mundiais, representantes de ONGS e associações, discutirão
principalmente a questão do multilateralismo, fragilizado nos últimos meses
pela política americana, que privilegia os acordos bilaterais. Trump não
participará da reunião.
Em Londres, a
data foi lembrada em uma cerimônia no Cenotáfio, monumento em homenagem aos
mortos da Primeira Guerra. Participaram a rainha Elizabeth e a premiê Theresa
May, entre outras autoridades.
Cerimônia no Cenotáfio em Londres homenageia neste domingo (11) os mortos na Primeira Guerra Mundial — Foto: Alastair Grant/AP Photo

 Cerimônia no Cenotáfio em Londres homenageia neste domingo (11) os mortos na Primeira Guerra Mundial — Foto: Alastair Grant/AP Photo

Rainha Elizabeth, duquesa de Cornwal, Camilla, e duquesa de Cambridge, Kate, assistem à cerimônia de homenagem aos mortos na Primeira Guerra Mundial neste domingo (11) no Cenotáfio de Londres — Foto: Alastair Grant/ AP Photo
Rainha Elizabeth, duquesa de Cornwal, Camilla, e duquesa de Cambridge, Kate, assistem à cerimônia de homenagem aos mortos na Primeira Guerra Mundial neste domingo (11) no Cenotáfio de Londres — Foto: Alastair Grant/ AP Photo

No Vaticano, o Papa Francisco afirmou que a
lembrança da Primeira Guerra Mundial deve ser “para sempre” uma
“severa chamada” para “investir na paz”.

A página histórica do primeiro conflito
mundial é para sempre uma severa chamada a rejeitar a cultura da guerra e a
buscar todos os meios legítimos para pôr fim a todos os conflitos que ainda
atingem muitas regiões do mundo
— Papa Francisco





“Digamos
com força: Invistam na paz, não na guerra!”, exclamou Francisco desde a
janela do Palácio Apostólico diante dos fiéis que escutavam na Praça de São
Pedro, depois de realizar orações pelas vítimas “daquela enorme
tragédia”.
Ato em Compiègne

Neste sábado,
Macron e Merkel participaram de uma breve cerimônia em Compiègne, ao norte de
Paris. Foi nessa cidade que foi assinado, em um vagão de trem, em 1918, o
armistício entre as potências ocidentais e o Império Alemão.
Angela Merkel e Emmanuel Macron em réplica de vagão onde armistício foi assinado em 1918, pondo fim à Primeira Guerra Mundial — Foto: Philippe Wojazer/Reuters



Macron e Merkel
inauguraram uma nova placa na clareira de Rethondes que reafirma o “valor
da reconciliação franco-alemã a serviço da Europa e da paz”.






Mais de três
milhões de franceses e alemães estiveram entre os mortos. Boa parte das
batalhas mais duras foram nas trincheiras no norte da França e na Bélgica.
Protesto do Femen

Antes da
cerimônia no Arco do Triunfo, uma ativista de topless do coletivo feminista
Femen interrompeu a comitiva do presidente americano, que se deslocava pela
avenida Champs Elysees. Ela tinha pintada no corpo a expressão “Fake Peace
Makers” (“falsos pacificadores”, em português) e foi detida pela
polícia.

Ativista de topless interrompe comitiva do presidente Donald Trump em Paris — Foto: Carlos Barria/Reuters
Ativista de topless interrompe comitiva do presidente Donald Trump em Paris — Foto: Carlos Barria/Reuters

Cerca de 10 mil
agentes foram mobilizados para garantir a segurança em Paris durante essa
comemoração.
No sábado, três
integrantes do Femen protestaram sob o Arco do Triunfo para denunciar a
presença de “criminosos de guerra” entre as autoridades convidadas
para a cerimônia do centenário do armistício. Elas também foram detidas.
Ativistas do Femen protestam neste sábado em Paris contra presença de 'criminosos de guerra' em evento que vai celebrar o fim da Primeira Guerra Mundial — Foto: Geoffroy van der Hasselt/ AFP


“Viemos protestar contra a chegada de
chefes de Estado que são uma vergonha para a paz. A maioria são ditadores que
não respeitam os direitos humanos em seu país”,
disse Tara Lacroix,
uma Femen de 24 anos.


A 1ª Guerra Mundial

Nos anos que
antecederam a 1ª Guerra Mundial, a Europa vivia um clima de rivalidade e
corrida armamentista entre as grandes potências, que disputavam colônias na África
e na Ásia, além de territórios dentro do próprio continente.
O fato que
culminou na guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando,
príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro, e de sua mulher, Sofia, em 28 de
junho de 1914. Eles foram vítimas de um atentado durante visita a Sarajevo –
ato com importante conteúdo político, pois buscava demonstrar o domínio
austríaco sobre a região.
Um mês depois,
em 28 de julho, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia, dando início
ao confronto.
Por causa da
política de alianças, em pouco tempo praticamente toda a Europa estava
envolvida no conflito: de um lado estavam os países da Tríplice Aliança
(Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e, do outro, a Tríplice Entente
(Reino Unido, França e Rússia).
Em maio de 1915,
a Itália, que pertencia à Tríplice Aliança (mas até então estava neutra),
declara guerra ao Império Austro-Húngaro e muda de lado, indo a combate do lado
da Entente, em troca da promessa de receber territórios.
Apesar de ser um
conflito essencialmente europeu, a guerra envolveu os Estados Unidos e o Japão,
e as colônias das potências da Europa também foram campos de batalha.
A entrada dos
Estados Unidos na guerra foi determinante para o desfecho do conflito. Foi ao
lado dos americanos que os países da Entente conseguiram reagir de forma mais
efetiva contra as investidas do exército alemão.
Com o fim dos
combates, os antigos impérios desmoronaram e foi criada a Liga das Nações, um
embrião da Organização das Nações Unidas. Mas a humilhação dos derrotados,
principalmente os alemães, serviu de combustível para o nazifascismo, que pouco
mais de 20 anos depois mergulhou o mundo na 2ª Guerra Mundial.

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