Dimas Covas diz que ataques do governo Bolsonaro à China atrasaram em até 1 mês fornecimento de insumos
O
diretor do Butantan, Dimas Covas, revelou em depoimento concedido à CPI da
Covid no Senado nesta quinta-feira (27) que os recorrentes ataques do governo
de Jair Bolsonaro à China, maior exportador de vacinas do mundo, foram
determinantes no atraso no envio de insumos para a produção dos imunizantes.
“Cada
ataque [do governo contra os chineses] se reflete nas dificuldades
burocráticas. O que era resolvido em 15 dias, demorou pelo menos um mês. Negar
isso, não é possível”, explicou Dimas.
O
médico ainda fez uma comparação à CPI, expondo a péssima diplomacia do governo
brasileiro. “A China é o maior exportador de vacinas para o mundo. Ela já
exportou mais de 300 milhões de doses para mais de 100 países. Se temos 100
vizinhos, e 99 vizinhos são vizinhos cordiais e um vizinho é mal comportado, a
festa de fim de ano, vai chamar aquele vizinho ou os 99?”, exemplificou.
60
milhões de vacinas a menos
Covas
informou ainda que a oferta de julho havia sido de 60 milhões de doses da
vacina Coronavac para entrega no último trimestre de 2020 e que também pediu
ajuda para habilitar uma fábrica, que produziria vacinas em 2021. Disse que não
recebeu respostas do governo para nenhuma das ofertas.
Segundo
Covas, no início de dezembro, o Butantan tinha mais de 5,5 milhões de doses da
Coronavac prontas para iniciar a vacinação e estava processando mais 4 milhões,
enquanto o mundo tinha vacinado apenas 4 milhões de pessoas ao fim de dezembro.
A primeira a ser vacinada no Brasil, em São Paulo, foi a enfermeira Mônica
Calazans, apenas em 17 de janeiro, quando o mundo começou em 8 de dezembro. “O Brasil
poderia ter sido o primeiro a vacinar se não fossem os percalços que tivemos
que enfrentar do ponto de vista do contrato [com o governo Bolsonaro] como do
ponto de vista regulatório [com a Anvisa]”, disse o diretor do Butantan.