Bolsonaro é denunciado ao Tribunal Penal Internacional por “crimes contra a humanidade”

Presidente Jair Bolsonaro em sua visita à China.
Foto: Isac Nóbrega/PR
Representação
afirma que o presidente “incita o genocídio e promove ataques sistemáticos
contra os povos indígenas do Brasil”
O
presidente Jair Bolsonaro foi denunciado na última quarta-feira ao Tribunal
Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, nos Países Baixos, por “incitar o
genocídio e promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas do Brasil”.
O TPI ainda avaliará se aceita ou não a denúncia para abrir um processo de
investigação.
Trata-se
de uma representação movida pelo Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos
(CADHu), grupo de advogados que atua de forma pro bono em casos de interesse
público desde 2012, e a Comissão Arns, que reúne ex-ministros de Estado e
notáveis da sociedade brasileira mobilizados na defesa dos direitos humanos.


A
denúncia dá ênfase a “estímulos” e “omissões” do atual governo que resultam na
destruição da floresta Amazônica e ataques a povos tradicionais. O comunicado
ao TPI afirma que “os incêndios, que ainda se perpetuam na região
[Amazônica], geram um dano ambiental e social desigual e de difícil reversão.
Acompanham as pressões sobre a floresta e associam-se à disputa —
frequentemente violenta — pela terra para empreendimentos agropecuários,
grandes obras de infraestrutura, grilagem, garimpo e exploração de madeira. Tais
atividades exercem grande impacto sobre a floresta e os povos que a habitam e
vêm sendo ora estimuladas ora negligenciadas em seu potencial de degradação”.


menção especial ao episódio que ficou conhecido como “dia do fogo”, em 10 de
agosto de 2019 – uma mobilização feita por WhatsApp para produzir incêndios
simultâneos em diversos pontos da Amazônia como forma de chamar a atenção. O
episódio cita o caso como exemplo de efeito da postura de estímulo e omissão
estatal do governo nesta área.
Representantes
das duas entidades anunciaram que irão conceder entrevista coletiva nesta
quinta-feira, em São Paulo, para falar sobre a denúncia.

Os
signatários da petição contra Bolsonaro são as advogadas Eloísa Machado
(professora da FGV Direito SP), Juliana Vieira dos Santos e Amelie Robine,
todas do CADHu. Por parte da Comissão Arns, assinam os ex-ministros da Justiça
José Carlos Dias e José Gregori; os advogados Antônio Carlos Mariz de Oliveira
e Belisário dos Santos; e os professores Dalmo de Abreu Dallari e Fabio Konder
Comparato.

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