Bolsonaro diz que pode ser ‘presidente sem partido’

O presidente Jair Bolsonaro falou com jornalistas no hotel em que estava hospedado, em Pequim, antes de viajar para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes — Foto: Isac Nóbrega/PR


Partido
de Bolsonaro, PSL está rachado em duas alas: uma bolsonarista e a outra ligada
ao presidente da legenda. Bolsonaro disse ainda que deve apoiar de 30 a 40
candidatos a prefeito.

O
presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã (horário local de Pequim) deste
sábado (26) que pode ser um “presidente sem partido”. Ele falou com
jornalistas ao deixar o hotel na capital chinesa e partir para Abu Dhabi, nos
Emirados Árabes Unidos. A viagem faz parte do giro de Bolsonaro pela Ásia e
Oriente Médio.
O PSL,
partido do presidente, passa por uma crise interna, que se acirrou nas últimas
semanas após desentendimentos entre Bolsonaro e políticos da legenda. A disputa
gerou uma divisão em duas alas: a bolsonarista, ligada ao Palácio do Planalto,
e a bivarista, fiel ao presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE).

Jornalistas
que acompanhavam o presidente em Pequim questionaram se ele cogita trocar de
partido. Bolsonaro respondeu: “Não, não. Eu posso ser presidente sem
partido.”
O
presidente disse ainda que não teria problema ele ter ou não uma legenda,
porque, na visão de Bolsonaro, a maioria da bancada de 53 deputados do PSL
continuaria votando a favor do governo.
“Tanto
faz eu estar com partido ou sem partido. No PSL, dos 50 e poucos [deputados]
lá, tem uns 30 que estão fechadinhos conosco. Os outros 20, tem uma meia dúzia
que foi para o radicalismo, e os demais votam conosco, não tem problema”,
completou.

Uma
eventual migração dos insatisfeitos do PSL vem sendo debatida internamente. No
entanto, a troca de partido esbarra na legislação, que prevê regras específicas
para um deputado sair da legenda sem perder o mandato. Uma das condições, por
exemplo, é que tenha havido uma radical mudança no programa partidário, ou que
o parlamentar que deseja sair tenha sido alvo de perseguição. Para presidente
da República, não há essa restrição.
Corrida
para as prefeituras
Bolsonaro
afirmou que planeja apoiar de 30 a 40 candidatos a prefeito nas eleições
municipais de 2020. Para isso, argumentou o presidente, ele precisa sentir
“confiança” no partido do qual fizer parte.
“Eu
pretendo ter uns 30 a 40 candidatos pelo Brasil. Quase todas as capitais.
Agora, eu tenho que ter decisão sobre o partido. Eu não posso entrar e chegar
na convenção, como eles têm a maioria, me deixam para trás. Eu tenho que ter um
partido onde você tenha confiança, um partido que tenha inclusive,
transparência”, explicou Bolsonaro.
De
acordo com o presidente, alguns deputados do PSL “botaram a carroça na
frente dos burros” ao quererem se lançar para a disputa nas prefeituras
ainda em 2019. Os jornalistas chegaram a perguntar se ele se referia à deputada
Joice Hasselemann (PSL-SP), que, em meio à crise no PSL, foi destituída por
Bolsonaro do posto de líder do governo. O presidente não citou nomes. No meio
político, comenta-se um desejo de Joice de concorrer à prefeitura de São Paulo.

“Tem
alguns ali que botaram na cabeça ‘eu vou ser prefeito’, ‘vou ser isso’, ‘vou
ser aquilo’, e atropelaram tudo. Inclusive um parlamentar (…) queria se
lançar prefeito de um grande município, capital. Eu falei assim: ‘Se tu lança
com antecedência, outros que querem ser candidatos de outros partidos começam a
fazer oposição à gente. Vamos decidir só em março’. Daí resolveram, uma pessoa
resolveu botar a carroça na frente dos burros”, concluiu Bolsonaro.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.